terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Blog Mamíferas


Mãe, Mulher e Tudo Mais!

Eu acho bem engraçado quando ouço uma mãe batendo no peito e levantando a bandeira: “eu não quero ser só mãe!”. Fico me perguntando onde é que a gente foi buscar essa idéia tão equivocada de que, pra ser uma coisa, tem que deixar de lado todo o resto.
Nós somos pessoas. Antes de mais nada, nascemos pessoas e seremos pessoas para sempre – bom, a maioria pelo menos.  Somos gente, somos humanos. E aí, dentro disso, cabe tudo, tem espaço pra tudo. Tem espaço pra ser mãe, pra ser filha, irmã, amiga, profissional, mulher, namorada, companheira, parceira e tudo o mais que a gente quiser. Não tem que dividir. Bacana mesmo é somar.
Eu não sou só mãe. Ser mãe é um negócio importante pra burro na minha vida, não há dúvidas. Mas nem que eu quisesse, daria pra esquecer todos os outros papéis. Eu não consigo, e sinceramente? Acho que ninguém consegue. A vida está aí, caminhando, ela não pára. Exige da gente o tempo todo, e o que a gente faz – alguns com mais maestria, outros mais desastradamente – é equilibrar os papéis.
É por isso que eu não tenho medo de me entregar inteiramente à maternidade, exercer com intensidade meu papel de mãe. Não tenho medo de me perder de mim mesma na maternidade, porque é exatamente o contrário: ser mãe me ajuda a me encontrar, a me conhecer melhor, a evoluir, a crescer. Assim como tudo mais a que me entrego inteiramente, de coração aberto.
E todos os dias, os papéis que exerço se entrelaçam, confundem-se e transformam-se entre si. Como mãe, aprendo algo que faz crescer a filha. Como esposa, vivencio um crescimento que me faz uma amiga melhor, uma companheira mais inteira. No trabalho, a profissional descobre algo que faz amadurecer a irmã, a parceira, e assim por diante. Todas são parte de mim. Para que compartimentar?
No final das contas, a gente é o que é. Se perdesse menos tempo rotulando, neurotizando e tentando definir o que dispensa explicação, estaria mais livre pra viver a vida, tirando o máximo de cada experiência. Descobriria a delícia de deixar que as vivências se confundam, transformem-se, melhorem umas as outras. E no final das contas, o que sobraria seria alguém mais inteiro, um ser humano melhor em tudo o que faz, em todos os papéis que exerce.
///
Imagem: arquivo pessoal




(Publicado originalmente no Mamíferas em 9 de março de 2011)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Programação Para A Semana

Dia 31/01, terça, 13h30.
Colagem Maluca
Na Sala do Curumim do SESC. Grátis. Crianças menores de 7 anos devem estar acompanhadas de um adulto.

Os Melhores De 2011: Renato - Diário Grávido


Vírgula pai

Lucia descobriu um botão que aumenta a chance de seus pedidos serem atendidos em pelo menos 43,7%: vírgula pai. Vamos dizer que, hipoteticamente, ela queira leite com chocolate:
"Faz leite com chocolate pra mim, PAI?"
Pronto, to quase fazendo. Aí ela apela pro nível dois:
"Faaaaaaz, Paaaaaaai?"
Pronto. Vírgula pai é como o Remy de rattatouille, é o comando que transforma pai em marionete.
Quando ela quer colocar o nível de persuasão no máximo, ela apela pro nível 3, o defcon final, o equivalente a um parasita cerebral escravizador:
"Papai (r)enato, faz chocolate?" Variações incluem "meu papai" "papaizinho querido" e "pai você é engraçado"

Pronto, tá tudo dominado. Será que algum dia ficarei imune a esses pequenos encantos?
"Pai, empresta a chave do carro"
"De jeito nenhum filha, você é muito nova pra isso"
"Ah papaizinho querido, empresta, só um pouco..."
Corta para o pai correndo pela garagem atrás do carro, se perguntando não só como ela alcançou o pedal, mas também como conseguiu sair da vaga.

Vírgula pai

Lucia descobriu um botão que aumenta a chance de seus pedidos serem atendidos em pelo menos 43,7%: vírgula pai. Vamos dizer que, hipoteticamente, ela queira leite com chocolate:
"Faz leite com chocolate pra mim, PAI?"
Pronto, to quase fazendo. Aí ela apela pro nível dois:
"Faaaaaaz, Paaaaaaai?"
Pronto. Vírgula pai é como o Remy de rattatouille, é o comando que transforma pai em marionete.
Quando ela quer colocar o nível de persuasão no máximo, ela apela pro nível 3, o defcon final, o equivalente a um parasita cerebral escravizador:
"Papai (r)enato, faz chocolate?" Variações incluem "meu papai" "papaizinho querido" e "pai você é engraçado"

Pronto, tá tudo dominado. Será que algum dia ficarei imune a esses pequenos encantos?
"Pai, empresta a chave do carro"
"De jeito nenhum filha, você é muito nova pra isso"
"Ah papaizinho querido, empresta, só um pouco..."
Corta para o pai correndo pela garagem atrás do carro, se perguntando não só como ela alcançou o pedal, mas também como conseguiu sair da vaga.























(Publicado originalmente no Diário Grávido em 22 de agosto de 2011)

domingo, 29 de janeiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Camila - Sobre Fraldas


Dica do dia: CD Pequeno Cidadão



Música boa para os ouvidos nunca é demais, não é? Não sei se vocês conhecem esse projeto "Pequeno Cidadão", mas eu, meu marido e Olívia escutamos MUITO, desde que ela era recém-nascida! Quando roqueiros se juntam pra fazer música pra criança eu acho que sempre sai coisa boa. E este não podia ser diferente. Ex-tecladista da Gang 90, Taciana Barros,  Arnaldo Antunes (e sua voz que eu AMO!), Edgar Escandurra(ex-Ira!) e mais Antonio Pinto (compositor e filho do Ziraldo) se juntaram para lançar o álbum “Pequeno Cidadão”, com composicões que fizeram para seus próprios filhos. Eles chamam de “MPC – Música Psicodélica para Crianças”. 

As músicas são fofas e as crianças cantando junto é a coisa mais linda! São 14 músicas que têm letras que falam dos primeiros "problemas" existenciais do ser humano como: a difícil hora de largar a chupeta e a obrigação versus diversão. Ainda, são cantados temas como a dor-de-cotovelo e problemas de criança que podem ser carregados até a idade adulta. Além de conscientizar, Pequeno Cidadão coloca as crianças em contato com estilos que vão do pop ao forró.  Vocês podem conferir algumas músicas no MySpace do projeto clicando aqui.

ps - A minha música preferida é "O sol e a Lua" e meu marido ama a "Bonequinha do papai". Olívia adora todas! hehe


(Publicado originalmente no Sobre Fraldas em 27 de junho de 2011)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Lígia - Cientista Que Virou Mãe


Para Clara, com amor, em seus primeiros passos

Quando uma menina e um gato se encontram pela primeira vez

Esse vídeo foi mandado pela Liloca, uma querida amiga que acompanhou toda a minha gestação e tem acompanhado também o desenvolvimento da Clara. Ela assistiu e lembrou da Clarinha...
Aí mandou pra mim e eu, nessa fase ocitocinada em que me encontro, chorando até com a musiquinha de início do Windows, me emocionei vendo a menininha. Todo o vídeo é lindo, recheado de simbolismo, mas o que me tocou mesmo foi ver a menininha caminhando. Pequenininha e caminhante. Acho que é porque a Clara tá quase caminhando...
E é um grande marco essa fase de deixar de ser um ser engatinhante para ser um ser caminhante... Depois do primeiro passo dado, da perspectiva sobre duas pernas, nunca mais se vê o mundo de outra forma. Tudo passa a ser possível, tudo passa a ser quase-alcançável, lugares passam a pedir para serem descobertos, o que antes não era visto agora passa a ser objeto de investigação. Estou feliz porque ela está chegando nessa fase. Mas tenho que confessar: me dá uma coisinha aqui dentro...
Ela anda cheia de novidades incríveis dessas que fazem uma mãe babar. Hoje apareceu soltando beijos com a mão e imitando que está comendo. Pega uma comidinha imaginária, leva à boca e mastiga, depois pega de novo e me dá, dividindo o banquete virtual. Mas o que tem me marcado é o fato dela já ficar em pé sozinha e soltar as mãos, se equilibrando e testando sua própria habilidade. Hoje, ensaiou os primeiros passinhos, indo do pai dela em direção a mim.
Firmar o passo é uma coisa muito importante.
É um momento de autoconfiança imenso. De "eu posso", "eu consigo", "olha que coisa incrível que eu estou fazendo".
É um momento muito simbólico.
Afinal, caminho longo sempre começa com o primeiro passo.
Eu já ando meio emocionada com essa dela estar quase caminhando. Depois de ver esse videozinho lindo aí, tô aqui em estado pastoso. Ela está crescendo...
Todas as vezes que ela se equilibra sozinha, comigo ao lado com os braços ao redor, eu SEMPRE penso: "assim será para sempre".
E que assim seja.
Estarei com você no seu primeiro passo, filha. E em todos os demais. Mesmo que eu não esteja presente fisicamente. Mesmo que você não me veja.
Que o seu caminho seja sempre claro, como você. Se encontrar obstáculos, é porque será capaz de transpô-los. Se não encontrar obstáculos e parecer fácil demais, desconfie, talvez ele não te leve a nenhum lugar interessante. Se não encontrar um caminho, me chame que te ajudarei a abrir um, não tenho medo do desconhecido. Sobre as pedras que estiverem nele, não se esqueça do Fernando Pessoa: vai recolhendo, construa uma casa. Se você se perder por algum deles, pode contar comigo, te ajudarei a achar outro. Perder-se também é caminho, como nos ensinou Clarice Lispector. Que seus passos te levem para o bem. Que sua passada seja sempre segura e firme. Se faltar segurança, lembre-se sempre que estou com você. E se você cansar, meu colo estará sempre pronto. Se o pé machucar, te ajudo a curar. Não se fixe no lugar onde quer chegar, atente para o passo; pode ser que algo no caminho te aconteça e faça com que o lugar de chegada não seja mais atrativo. Se seus passos forem bem dados, ainda assim você olhará pra trás e se orgulhará deles.
Você está quase andando sozinha, minha filha.
Uma vez que começar, não deixe nunca de caminhar.
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar". Eduardo Galeano
Ah sim, e por favor. Quando for comprar um sapatinho novo pra embelezar o passo, me chama que quero ir junto, tá?

Com amor,

Mamãe




(Publicado no Cientista Que Virou Mãe em 17 de agosto de 2011)

Programação Para O Final De Semana

Dia 29/01, domingo, 13h30.
Quartel General
Na Praça do SESC. Grátis. Crianças menores de 7 anos devem estar acompanhadas de um adulto.

Dia 29/01, domingo, 14h.
A História Que Virou Desenho
Venha ouvir histórias e desenhar. Na Sala do Curumim do SESC. Grátis. Livre para todos os públicos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Beatriz - Mãe da Cabeça Aos Pés



Abra seu próprio negócio

Pedalar na ergométrica, cozinhar algo diferente, comprar o que está faltando, pagar umas contas, fazer as unhas, dar atenção para o filho, contar uma historinha para ele antes de dormir, namorar o marido, tomar um banho demorado, levar a dieta a sério... Difícil explicar quando a gente não consegue fazer tudo que quer fazer, mesmo sabendo que é totalmente compreensível essa falha. Para dizer claramente, nem é falha. É normal. É ser uma mulher nos dias de hoje, mãe, esposa, dona de casa e... profissional. Entre outras personagens que cabem no nossa calçada da fama, que de glamour não tem nada!
Mas que mania temos de justificar essa falsa "falha", esse traço recorrente da nossa rotina, quase impossível de se excluir. Uma mania besta, mas necessária para nossa autoestima ficar ali no lugar dela. É como dizer para ela: "Fique aí quientinha, não se meta nesse assunto, está tudo certo". Acho que não. Acho que justificando cada passo que damos acabamos fazendo algo parecido com o que a funcionária que sempre chega atrasada faz quando chega mais uma vez atrasada, descabelada, e dá de cara com a chefe arrumadíssima, pontual, poderosa e feliz... "Ai, senhora Autoestima, meu filho está doente e eu estou sem babá...". Chega de desculpas querida funcionária!
Aliás, peça demissão e abra sua própria empresa, focando no seu talento mais verdadeiro. Lá, faça suas regras prevalecerem e não permita que ninguém, nem você mesma acabe com você por causa de uma tarefa mal feita ou inacabada no prazo correto. Contrate a autoestima para gerenciar aquilo que não der conta e pague-a bem para isso, deixando bem claro qual é o lugar dela. Saia mais cedo para ter tempo para você mesma... E não justifique isso para quem quer que seja!!!
Se estiver pensando "puxa, preciso ganhar bem para isso", pense "preciso disso para ganhar bem". Pelo menos, quando sua chefe ou funcionária é sua própria autoestima, seus afazeres são compromissos dentro e fora de casa, e a empresa na qual você trabalha é sua vida, acho que é preciso mesmo comprar essa tal empresa e passar a valorizar a qualidade do que se vive, se faz e se sente frente ao dinheiro que pode vir. Até porque o capital mais importante, nesse caso, é a felicidade, e essa, minhas caras, é a moeda que está sempre em alta. Para fazê-la render, melhor arriscar na bolsa de valores do que mantê-la em poupança que, entra ano e sai ano, continua te deixando com a sensação de que você não acumulou nada! Arriscar-se aqui é tentar ser a dona do próprio negócio e não deixar especuladores cheretarem o que você faz ou não para ele ir adiante. Medo a gente sempre tem. Mas vai dizer que tomar conta de si mesma sem dar satisfação a ninguém (incluindo você) não é o sonho de qualquer mulher... Vale tentar um dia.

É impossível não lucrar. Porque o mercado para mulheres bem resolvidas, práticas e felizes é o mais valorizado do mundo. Pelo menos, para nós mulheres!



(Publicado originalmente no Mãe da Cabeça aos Pés em 14 de outubro de 2011)

Dica de Filme: Madagascar



O leão Alex (Ben Stiller) é a grande atração do zoológico do Central Park, em Nova York. Ele e seus melhores amigos, a zebra Marty (Chris Rock), a girafa Melman (David Schwimmer) e a hipopótomo Gloria (Jada Pinkett Smith), sempre passaram a vida em cativeiro e desconhecem o que é morar na selva. Curioso em saber o que há por trás dos muros do zoológico, Marty decide fugir para explorar o mundo.



Ao perceberem a fuga do amigo, Alex, Gloria e Melman decidem partir à sua procura. O trio encontra Marty na estação Grand Central do metrô, mas antes que consigam voltar para casa são atingidos por dardos tranquilizantes e capturados. Eles são embarcados em um navio rumo à África, onde serão colocados em liberdade por um grupo de humanos que quer tirar os animais da vida estressante em cativeiro. Após um grupo de pinguins, que também está no navio, sabotá-lo, o grupo vai parar na ilha de Madagascar, onde precisa encontrar meios de sobrevivência em uma selva verdadeira.



Esse filme faz parte da lista dos 15 melhores filmes animados da década, da Revista Crescer.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Daniele - Balzaca Materna



Festividades escolares, quem curte?

Ilustração daqui


Tem gente que adora os eventos escolares: reuniões, entrega de portfólios, festa disso e festa daquilo. Tem gente que não curte, mas vai pensando no filho. Tem gente que não curte e simplesmente não vai a nenhuma delas.

A minha mãe sempre mandava meu pai, que ia lá e fazia bonito com sua kodak na mão, mas eu sentia falta dela. Queria muito que ela estivesse ali e visse o resultado do meu esforço, pelo menos uma vezinha. Queria que ela torcesse descabeladamente por mim quando eu estivesse em quadra. Enfim...pai e mãe fazem falta. 

Pois bem, esse post não é sobre mim.

Minha filha tem uma amiga que desde sempre me chama atenção. Aqueles casos inexplicáveis de empatia, sabe como é? Acho um barato o jeitão dela descolado, é super engraçada, simpática e super independente. Vai e volta da escola sozinha numa bicicleta, por morar perto. Sei muito, muito pouco da sua vida. Não pergunto, porque sei que, em sendo esperta como é, certamente se sentiria constrangida com perguntas inoportunas.

O que sei é que ela não mora com a mãe, é criada pela avó.

Em julho deste ano, no fechamento do primeiro semestre, a professora de música resolveu fazer uma apresentação pra mostrar aos pais como os alunos estavam envolvidos e como estavam evoluindo. Paulinho saiu mais cedo do trabalho e fomos lá prestigiar a Bia.

Havia muitos pais e notei que ela estava inquieta (mais que o de costume) procurando por entre aquelas cabeças orgulhosas um rosto que lhe fosse familiar. Vai que a avó ou o tio ou alguém pudessem ter comparecido, né?

Quando terminou a apresentação, fomos fazer aquele auê básico em cima da filha e dela também, até que ouvimos uma coisa que deixou meu coração doendo: "vcs sempre vem ver a Bia, né? - aqui tentou disfarçar a melancolia, e completou "acho isso tão legal!". Nos deu um sorriso e foi brincar.

Puxa, a mamãe patinha ficou tão triste, mas essa história vai ter um final feliz.

Essa semana, na reunião dos pais, os alunos resolveram encenar uma peça e depois veríamos um vídeo com todas as fotos de todo o semestre. Paulinho saiu mais cedo do trabalho e fomos. Dessa vez, a amiguinha da Bia estava radiante. Não só o pai tinha ido, como também a mãe.

Depois de terminada a apresentação, morrendo de fome, ataquei uns sanduichinhos muito fofos, quando sinto alguém me cutucar, era ela. "E aí? Gostou?" Balancei a cabeça de boca cheia. "Foi minha mãe que fez!!! O orgulho dela dava gosto de ver!!!

Saímos de lá felizes pela felicidade de todos eles.
E é o que eu digo: infância só tem uma e é tão importante pra eles se sentirem acolhidos e encorajados!
Presença é apoio.
E pai e mãe fazem falta.
Podem crer.



(Publicado originalmente no Balzaca Materna em 7 de dezembro de 2011)

Brincadeiras de Verão: Basquete de Esponja




O basquete de esponja é uma brincadeira para fazer na água, de preferência em uma piscina. A ideia é fazer cestas, como no basquete comum, só que usando uma esponja bem encharcada em vez de bola.

Para começar a brincar, você vai precisar de uma piscina não muito funda e de uma ou duas cestas. Como nem todo mundo tem cestas de basquete prontas para colocar na beira da piscina, a idéia é improvisar. Uma sugestão para fazer as cestas é tirar o fundo de dois baldes plásticos velhos. Vai valer a pena! Lembre-se, dois baldes velhos são muito mais baratos que a maioria dos outros brinquedos. Feito isso, prenda os baldes sem fundo com barbante no encosto de duas cadeiras, em um cabo de vassoura ou onde você conseguir para fazer com que fiquem mais altos que a borda da piscina. Fora isso, vocês também vão precisar de uma esponja. Se conseguir arrumar uma esponja grandona, daquelas de usar no banho, melhor ainda.

Agora, monte os times. Se houver poucas pessoas, você pode fazer um time só, com uma cesta só, e todos devem tentar fazer o máximo de pontos possíveis, acertando a esponja por dentro da cesta.

O mais divertido dessa brincadeira é que quando a esponja fica encharcada, ela afunda. Aí, para fazer um ponto, as crianças terão que mergulhar como um peixe, pegar a esponja e só então jogar. Vale lembrar a todos, para que ninguém dê uma cabeçada em algum amigo enquanto mergulha.

Essa brincadeira faz parte do Baú de Diversões da Nestle.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Mari Hart - Diário de Uma Mãe Polvo



"Maria da Penha": eu fui uma.

Imagem DAQUI.


Ontem foi noticiado aos 4 ventos, o 'aniversário' de 5 anos da Lei Maria da Penha sancionada pelo ex-presidente Lula. Acho que essa lei dispensa apresentações, e apesar de estar em vigor, sabemos que ainda tem muito o que ser mudada.

Infelizmente mesmo depois da criação desta, a violência doméstica continua com índices altíssimos, mas nem sempre concretas, visto que muitas mulheres sofrem caladas impedindo estatísticas mais precisas. Os fatores são diversos, talvez o maior deles seja o medo da incapacidade de se sustentar sozinha, já que muitas destas mulheres que sofrem quietas, dependem financeiramente do marido.

E então hoje, venho aqui contar minha história pessoal. A história é longa, mesmo resumindo. Puxe a cadeira e sente comigo. Aliás, pelo que vcs podem perceber, história é o que não falta em minha vida. E não tenho medo de me expor, ao contrário. Acho que libera fantasmas, pode ajudar outras pessoas como o tema "Pedofilia" que foi abordado aqui recentemente em que muitas pessoas se abriram tb, em off, ou não. Foram diversos e-mails recebidos de mulheres agradecendo a abordagem e me contando suas histórias, o que me deixou bem feliz apesar dos pesares.  Mas quando a história envolve terceiros, é preciso cuidado na hora de contar, por isso não citarei nomes, mas para bom entendedor, meia palavra basta.

Aos 19 anos tive um namorado. Nos apaixonamos, ele veio morar comigo junto com minha família, o maior erro da minha vida, e no auge de minha imaturidade, engravidei 6 meses depois, já aos 20. Ele era 6 anos mais velho e sempre se mostrou bastante ciumento. Tinha ciúme da minha família, destratava meus amigos publicamente, e se duvidasse, tinha ciúme até do meu próprio espelho. Sempre foi motivo de brigas, pois eu tb sempre foi muito possessiva. Uma relação juvenil extremamente passional, mas na minha cabeça de uma menina como eu era, era sinal de amor. 

Ledo engano. Mal sabia eu o que era amor. No início da gravidez o príncipe se transformou em sapo. Veio o primeiro tapa na cara. O motivo!? Ciúmes. Diante de pedidos de perdão e promessas perdoei. E então, veio o segundo. Perdoei novamente já que eu revidava ferozmente. E então um belo dia eu, grávida de 6 meses, estava vestida com uma saia curta em meu trabalho, qdo ele foi me buscar, como fazia todos os dias. Além dos xingamentos impublicáveis em um blog de família como esse, veio uma surra. Uma surra por uma peça de roupa em uma mulher grávida! Surreal! Desta vez não pude revidar, pois eu só queria proteger minha barriga, onde eu gerava um filho dele. Me encolhi no chão em posição fetal a fim de proteger meu bebê enquanto apanhava. Essa foi a gota d'água. Mandei-o embora e pedi a separação.

Como sempre, ele se ajoelhou aos meus pés pedindo perdão e fazendo mais e mais promessas, mas com o apoio de minha família que até então não sabia de nada, mantive firme minha decisão. Ele se negava a ir embora, demos (eu e minha mãe) o prazo de uma noite para ele procurar um lugar para morar, mas o pesadelo não acabou. Depois de uma longa conversa clara, já com os ânimos mais tranquilos, ele concordou. Eu deveria ter achado estranho vindo dele, mas acreditei. E então, esta pessoa tentou cortar os pulsos na minha frente, dizendo que preferia morrer do que viver sem mim.

Imagina a cabeça de uma grávida vendo tal cena?! Um psicopata com uma faca na mão se cortando, poderia até sobrar para mim. Eu impedi, e fui "obrigada" a perdoar novamente por medo, mas disse que ele não moraria mais comigo, mas que poderíamos continuar juntos. Eles se mudou, e para não me perder de vista foi morar em frente ao meu trabalho, junto com um amigo, onde passava o dia inteiro me vigiando. Não, ele não trabalhava. O trabalho dele era me perseguir, vigiar meus passos, onde quer que fosse.

Um dia na casa deste amigo, estávamos sozinhos, e mais uma vez ele me agrediu pelos mesmos motivos. Agredia e em seguida se ajoelhava aos meus pés implorando perdão. Neste dia ele escondeu minha bolsa, meus sapatos e a chave de casa para eu não ir embora enquanto não o perdoasse. E então eu, então grávida de 8 meses, pulei a janela da casa de 3 andares, descendo pelo telhado, correndo risco de vida para fugir desse psicopata. Saí correndo pela rua descalça, peguei um táxi sem nenhum tostão no bolso e fui para casa onde minha mãe pagou ao chegar. E eu não prestei queixa. Por ser pai da minha filha. Pelo sonho de uma família. Pelo desejo de dar a minha filha um pai que eu não tive. Não me imaginava mãe solteira, nunca sonhei isso para mim.

O tempo passou, o bebê nasceu e ele pareceu mudar com a paternidade. Voltou para minha casa, se tornou carinhoso, atencioso, até arrumou um emprego! Milagre! Mas aí aprendi que ninguém muda de um dia para o outro. Depois de escândalos, uma nova agressão imperdoável. Estávamos na rua discutindo e eu com o bebê no colo quando ele me deu um soco na cebeça tão forte, que eu desprevenida deixei Stella escapulir de meus braços. Mas com a ajuda de seu anjo da guarda, consegui pegá-la no ar, com sua pequena cabecinha há poucos centímetros de bater no meio fio. Resolvi dar um basta definitivo. Sem voltar atrás. Meu bebê tinha 8 meses quando o expulsei de casa e então as agressões deram lugar a ameaças. Chegou ao ponto de posicionar meu bebê na janela e ameaçar jogar se eu não voltasse para ele. Disse várias vezes que iria fugir com minha filha para outra cidade e que eu nunca mais a veria.

Me perseguia nas ruas se escondendo atrás de árvores e carros. Me ameaçava de morte, dizendo que se eu não ficasse com ele não ficaria com mais ninguém. E eu tentando retomar minha vida, voltei ao trabalho-sempre com medo, e conheci um homem super bacana. Mais velho que eu, que me fazia sentir segura, protegida, amada, começamos um namoro. Por acaso ele era advogado e tomou as rédias do caso. Denunciamos o agressor que ficou impedido de se aproximar de mim, em uma época em que a lei Maria da Penha ainda não existia, exatamente no ano 2000. Me encorajou a ir até o fim, até que ele foi preso por uma noite depois da milésima ameaça. 

O novo namoro não teve muitos progressos, eu não estava preparada para um novo relacionamento e então passei exatos 3 anos de minha vida vivendo como uma criminosa, me escondendo. Andava nas ruas olhando para trás e para os lados. Não pegava mais ônibus, evitava sair, ou qdo saía era com cuidado para não ser vista. Foi quando ele viu que havia mesmo perdido e foi trabalhar em outro país. Passou 1 ano fora e foi quando conheci Ciro, meu atual marido. Ele devolveu minha auto-estima, me livrou do medo dos homens, e me mostrou o que é o verdadeiro amor baseado no respeito, admiração e paixão. Assumiu a criança como se fosse dele próprio. Se tornou um verdadeiro pai, o melhor que poderia existir apesar de bem jovem. 

Enquanto eu trabalhava, ele ia a reunião de escola. Ele limpava o bumbum dela qdo ela gritava "acabeiiii!", e se divertia com isso! Deu amor, educação, carinho, atenção a uma criança que teve sua primeira infância conturbaba pelo seu próprio genitor. Formamos uma família de verdade! E quando o "pai biológico" voltou da Europa, parecia mais calmo e conformado, apesar das investidas de reconciliação. Se justificou dizendo que era doente de amor, que havia mudado e hj eu questiono: Isso é amor!?

A mensagem final é uma só. 

Mulheres "Marias da Penha" do Brasil! Há vida após agressões, ameaças, seja física ou emocional. A lei está do nosso lado, embora tenha muitas falhas, ainda é o melhor caminho. Não se calem, DENUNCIEM! Quem agride uma vez, pode agredir dez e pode não ter fim. Ou um fim trágico e não feliz como foi o meu. Não se iludam com a idéia de amor incondicional e arrebatador, pq amor não é doença, ao contrário, é saúde! Não se intimidem diante de uma força física maior do que a sua, pq a força maior está na nossa mente e é ela que devemos usá-la a favor de nós mesmas.

Tenho que ser justa. Passaram-se 11 anos e hoje esta pessoa refez sua vida, temos um contato mínino e necessário, por um bem em comum, nossa filha que idealizou um pai herói e hoje sabe bem quem é seu pai, com seus defeitos e qualidades(?). Raramente ele procura a filha, não paga pensão e se mudou de estado. Conversamos, ele frequenta minha casa qdo vem ao RJ (ressalto novamente: raramente), mas o passado obscuro continua presente e faço questão de lembrá-lo sempre que preciso.

A idealização de família de margarina não existe, mas podemos nos reencontrar com novas pessoas, novas tentativas, abrindo o coração, sem traumas. E hj, na semana em que se comemora a criação desta lei, o que desejo a todas as "Maria da Penha" do Brasil, é o que eu tive. Felicidade. Renovação. Plenitude. Realização, Sem medos. Recomeçar do zero. E acima de tudo CORAGEM. Quem decide nossas vidas somos nós mesmas, ninguém pode mandar na nossa felicidade. Se você conseguiu me ler até aqui, esse é meu recado de hoje.

"Se o destino não tiver os mesmos planos que eu... ele que mude!"


Leia mais sobre a lei Maria da Penha aqui neste fantástico texto de Frei Betto. Antigo, mas atual.

Para denunciar, ligue 180.



(Publicado originalmente no Diário de Uma Mãe Polvo em 8 de agosto de 2011)

Dica de Leitura: Bisa Bia, Bisa Bel

Bisa Bia, Bisa Bel, de Ana Maria Machado (Editora Salamandra)



Na premiada obra, Bel se encanta por um retrato da sua bisavó, ainda criança. Ela nunca a conheceu, mas imaginar um relacionamento entre as duas faz com que Bisa Bia se torne uma grande amiga e confidente.

Veja um trecho do livro abaixo:


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Programação Para A Semana

Dias 24 e 26/01, terça e quinta, 13h30.
Desenho de Continuidade
Na Sala do Curumim do SESC. Livre para todos os públicos. Grátis. Crianças menores de 7 anos devem estar acompanhadas de um adulto.

Dias 25 e 27/01, quarta e sexta, 13h30.
Lanchinho De Verão
Na Sala do Curumim do SESC. Livre para todos os públicos. Grátis. Crianças menores de 7 anos devem estar acompanhadas de um adulto.

Os Melhores De 2011: Taís - Ombudsmãe



Pais x Professores - quem perde são nossos filhos.



Pais x Professores - quem perde são nossos filhos.

Até há pouco tempo, filhos eram criados meio que em comunidade. Era a bronca do pai, o olho da vizinha quando a mãe estava fora, o colo dos avós, os conselhos das tias, as iniciações com os primos, as brigas e brincadeiras na rua, os puxões de orelha da professora e do inspetor de alunos.

Além do convívio próximo com todas estas pessoas, havia também uma espécie de código de conduta que todos conheciam e faziam valer. Tinha que respeitar os mais velhos; apanhou na rua apanhava em casa; quem não obedecia ficava de castigo; o irmão mais velho resolvia as brigas; e o pai nunca podia saber de nada ou ele matava um.

Não preciso dizer que hoje tudo mudou e não foram só os códigos que ficaram confusos. Vivemos num certo estado de solidão familiar, isolados por muros, ruas onde não se brinca e o concreto dos apartamentos. A extraordinárias  tarefa de se criar uma criança, acabou ficando restrita a 2 agentes: família e escola.

Família, leia-se pai e mãe. Às vezes só pai, muitas vezes só mãe e com frequência representados, grande parte do dia, por empregada, televisão ou videogame.

Escola, leia-se escola mesmo. A instituição educativa onde nossos filhos hoje entram usando fraldas e só saem quando já usam camisinha. Alguns chegando a passar quase mais tempo na escola do que em casa.

Agora vem a dúvida: se somos só nós, pais e educadores diante desse mundo caótico, arregaçando as mangas para criar gente do bem, por que nos entendemos tão pouco?

Recentemente, fui convidada para conversar com um grupo de professores de um curso de pós-graduação que estuda as relações com a família. A ideia era transmitir a eles meu ponto de vista de mãe. A visão do lado de cá.

A conversa foi muito boa e profícua em todos os sentidos. Estava diante de um grupo de educadores desarmados, abertos para escutar, a fim de entender porque esta troca não acontece com mais frequência no dia-a-dia da escola. Profissionais preocupados com o imenso abismo que se abriu entre escola e família e que nos impede de escutar, falar a mesma língua e entender.

Um ponto curioso da nossa conversa, foi quando listei o que os pais acham que os educadores pensam deles. Apresentei uma lista que incluía itens como: não nos escutam, vivem na defensiva, transferem para nós responsabilidades que não são nossas, acham que não estamos presentes e que não impomos limites, acham que não estamos nem aí e etc. Nesta hora, um professor pede a palavra e diz, sorrindo, que eles haviam elaborado a mesma lista na semana anterior, só que com o que os professores acham que a família pensa deles. E a lista era praticamente a mesma!

Curioso e triste. Porque como principais referências na formação dos nossos filhos, deveríamos ser mais cúmplices um do outro. Mais abertos para ouvir, para dialogar, para trocar e confiar.

Não a confiança cega de outrora, quando professores podiam até bater para impor respeito e os pais chamavam de burro o filho que tirava notas baixas. Essa, graças aos novos tempos, não volta mais.

Falo de uma confiança culta e sadia. Confiança de quem se conhece e se cobra, porém sabendo das qualidades, das dificuldades e dos limites de cada um.

Confiança de quem assume que ninguém é dono da verdade. E que estamos todos tentando sobreviver neste mundo em rápida transformação, sem as referências do passado e sem ideia alguma de como será o futuro.

Assim como nós pais às vezes nos perdemos (a Supernanny que o diga), nem sempre a escola tem a solução pronta e certa para os problemas. O importante é estarmos abertos para discuti-los, haver transparência, honestidade e a certeza que juntos, somos muito melhores que separados.

Precisamos reconstruir as pontes que caíram no furacão das mudanças e nos colocaram em lados opostos. Porque no meio, estão nossos filhos.

Sair da defensiva e dialogar, pode ser um começo.


(Publicado originalmente no Ombudsmãe em 26 de junho de 2011)

Os Melhores De 2011 - Parte IV

Continuando nossa série com os melhores textos e blogs de 2011, nossos convidados dessa semana serão:











Os Melhores De 2011: Mariana - Pequeno Guia Prático Para Mães Sem Prática



:: Hoje eu acordei meio Carrie Bradshaw


É voltar a trabalhar, e a pessoa é tragada pelas fantasias mais delirantes de profissional de sucesso as seen on TV ---> acompanhem.

Aconteceu que eu abandonei o home office e me joguei com força nessa coisa de firma. Com a devida composição corporativa: a base na cara, a roupa de mulherzinha , o crachá pendurado. O cafezinho de máquina. O almoço com os colegas. As fotos dos filhos no celular (quem nunca?).

Hoje eu estava atrasada e não tomei café da manhã. E ali, rumo ao trabalho, subindo as escadas do metrô e chegando naquela rua cheia de executivos, não sei bem o que me deu, mas eu me senti assim, tão novaiorquina! E achei que seria podre de chic entrar em um café correndinho, pegar um cappuccino pra viagem e caminhar pela Av. Faria Lima, toda cosmopolita, bebericando em um daqueles copões de isopor. Porque profissional de sucesso é assim: toma café na rua enquanto anda apressada para o trabalho, correto? Pelo menos foi isso que o cinema norte-americano me ensinou.

Então lá estaria eu, uma mulher independente, uma mulher segura de si, com seu cappuccino e seu trench coat comprado em Paris (na feira, por 15 euros, mas quem precisa saber?), se preparando para mais um dia de trabalho. Praticamente a Carrie Bradshaw - mas uma Carrie usando All Star em vez de Jimmy Choo, porque eu sou pobre cool, tá gente? (Eu tinha falado "roupa de mulherzinha", é? Bom, essa parte era mentira, mas todo o resto é verdade!)

Carrie. NY. Sucesso. Glamour. Cappuccino.

Pois bem. Pensando em tudo isso, Carrie NY Sucesso Glamour, entrei em um café e fiz meu pedido. Mas café ali, na Faria Lima, colado no metrô, só tinha mesmo o Frans Café (choque de realidade).

Aí paguei inacreditáveis DEZENOVE REAIS por um cappuccino médio e um queijo quente magro e pálido.

Aí esperei inacreditáveis DEZ MINUTOS pelo pedido.

Aí andei quatro quarteirões QUEIMANDO OS DEDOS naquela PORRA daquele cappuccino cheio até a boca, com sua tampa ineficiente e a bebida pelando escorrendo pelas bordas. Atrasadérrima, tive que andar . de . va . ga . ri . nho . equilibrando o copo, parando a cada quarteirão para enxugar os respingos ferventes com lencinhos de papel que eu tirava desajeitadamente da bolsa, enquanto tentava não tombar demais o sanduíche que levava em um saco plástico. Despejei um tico do cappuccino no canteiro mais próximo, enrolei os papéis molhados e sujos no copo para tentar evitar mais respingos, e finalmente adentrei o meu elegante ambiente de trabalho - a passos trôpegos, queimada, mulambenta e cheirando a café, putaquepariu. Isso nunca acontece nos filmes!

Não pode haver glamour em um mundo onde existe o Frans Café, fica a lição.

De mais a mais, tenho certeza absoluta que se padarias houvesse em NY, neguinho não tinha essa frescura de cappuccino no meio da rua. Aqui em São Paulo, dona Carrie ia era se sentar no balcão da padoca, pedir um pão na chapa e uma média em copo de vidro, trocar uma ideia com o chapeiro e seguir feliz para o trabalho, chupando a balinha de hortelã que viria de troco. Com sorte, ainda seria minha colega de baia lá na firma, já pensou?

E aposto meu trench coat francês que ela só andaria de All Star.
(Publicado originalmente no Pequeno Guia Prático em 26 de outubro de 2011)






























sábado, 21 de janeiro de 2012

Receitinhas de Família - ESPECIAL FÉRIAS




Ingredientes:


- 12 colheres (sopa) de farinha de trigo
- 2 ½ colheres (sopa) de manteiga
- 2 colheres (sopa) de açúcar
- 1 colher (sopa) de fermento químico em pó
- 40 gr de queijo-de-minas bem picado
- 3 ovos
- quanto baste de sal
- quanto baste de leite


 Preparo: 

Bata as claras em neve e junte todos os ingredientes, sendo o queijo por último. Coloque em forminhas untadas com margarina e asse em forno pré-aquecido.





Ingredientes:

1 maçã pequena descascada, sem sementes e picada
2 colheres de sopa de abacaxi picado
1 copo de iogurte natural gelado
1 copo de água (se quiser pode utilizar a gaseificada, neste caso adicioná-la por último e mexer cuidadosamente)
1 colher de sobremesa de açúcar

Preparo:
 
Bater todos os ingredientes no liquidificador e servir em seguida. 2 porções.





Ingredientes:

01 mamão papaia
02 bolas de sorvete de creme

Preparo:

Bater tudo no liquidificador e servir imediatamente em duas taças. Fica muito legal se decorar com folhas de hortelã. Rende 3 porções.
 




sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Giuliana - Lulu Não Dorme




Céus! Ou Infernos?

Deus existe e criou o céu. Deus existe e criou o céu da boca também. O diabo existe e criou o inferno. O diabo existe e criou inferno da boca; também conhecido como estomatite. O diabo toma a forma de bolinhas ulcerosas doloridas e invade semdónempiedade a boca de crianças inocentes, levando as mesmas - e a mãe das mesmas - a loucura, depois do oxiurus, claro.
Por que caralhas aftas existem? Porque caralhas isso dá em boca de criança meldels? O que elas fizem pra serem punidas assim? Ficar dias e dias sem comer, chorando, febris e babando? Porqueporqueporque?
Lulu comecou a ficar chatinha (chatinha é uma bondade materna. Insuportável caberia melhor) numa terça feira ( tão vendo por que eu odeio terças-feiras?) Febre, dor na boca, gritos e muito, mas muito choro, muito choro (já disse?) choro demais...Mas antes de concluir isso, passei a mão no telefone e sem pensar liguei no Tuco, soluçando: "Tuco, pelamordedeus, atenda essa pequena possuída, não sei o que ela tem...
Na quinta levei a bichinha lá:
Tuco: "é dente, ó aqui" (apontando pros sisos, creio eu)
Eu: sim, tô vendo, mas isso dói assim, nessa complexidade paradoxal paranormal estratosférica de gritos e uivos?
Tuco: claro que dói, dentes rasgando a gengiva...dói.
Eu: mas e esse bafo de onça? Esse cheiro de esgoto encanado que vem daí?
Tuco: dentes...
Eu: denteS? tipo quantos?
Tuco: tipo 4
Convencida, saí de lá com uma mísera receitinha de Alivium ou Tylenó -SE DOR- (rá!)
Chega em casa e começa tudo again- berrar, chorar, se jogar, e chorar muito (chorar muito, mas muito, algo beirando o inacreditável).Pensei...não é pussivi, tem coisa errada aí, maldito Tuco.... voltou de férias, sabe nem onde tá... (ai, esqueci que ele me lê) bendito tuco, férias merecidas ele teve, grande médico, grande homem!
Dia seguinte, hora de ir pra escolinha, comecou uma manha e uma chantagem pra lá de emocional pra não comparecer ao estabelecimento escolar (e o ENEM, meu deus?)
"mãi, não vou mais, o gêmeos me bate e eu vou pro castigo, não quero mais castigo, não quero mais escolinha. Lá dói a boca pra comer. La dói a boca do gêmeos, dói a boca da Manu, Bibica chora quando toma água e.....processando informações, assimilando e concluindo Giulianicamente- BINGO. Aftas. Surto de estomatite na escolinha. Tudo explicado. Sem comer, sem escolinha sem gêmeos. (aliás gêmeos, que vergonha! vocês são dois batendo em uma só, covardia, hein?)
-Alô Tuco, é estomatite! Es-to-ma-ti-te, sabe o que é? então são aftas que doem e.... pqp como ela tá manhosa! Ela faz birra pra tudo e isso agravou o quadro de insônia dela, já te disse que ela é insone, nã? Entao.. agora ela não dorme nem por uma maritaca de ouro, e grita e chora e berra. Vizinhos me ligam pra perguntar que tipo de tigre capturei e enfiei dentro de casa, porque ela faz uns grunhidos, uiva, urra de dor, e de manha e quer colo só colo, só colo da mãe, e eu sou a mãe, e a mãe sou só eu, e eu sou só uma sabe? Tá dificil dar conta e....
-Giuliana, sete dias pra passar...vai espirrando anestésico.
- Em mim? Tem como?
-Na boca dela
-Ah sim, rivotril nem pensar?
-Rivotril não trata aftas...
E meu cansaço foi aumentando numa escala crescente de suportabilidade até que meu corpo, meu sílfidico corpinho, desfalecera numa linda manhã ensolarada de terça- feira (MALDITA!) seguido de uma crise pontiaguda de dor estomacal. Dor daquelas que você vai apagando.... apagando.... e quando dá por sy, já tá no chão toda descabelada, exaurida, podre, vomitada, desnorteada, exausta, um verme, enfim. Um verme. A creep.
Só segurei a onda pra naão morrer ali porque já tinha comprado ingressos pro Pearl Jam e seria desaforo morrer antes de ver o *suspiros* Eddie Vedder.
Conclusão, a estomatite sarou cagraça de deus- nosso-senhor, mas deixou sequelas. Em mim. Daí que agora tenho que fazer exames, para detectar uma possivel gastrite nervosa aí.
Aguardem cenas do próximo.
Mas pela minha lógica a maré (tsunami, no caso) ruim já passou, os bichos começaram a atacar por baixo(oxiurus) e já estão saindo pela boca(aftas). Depois deve vir a caspa e acabou. Ufa!
Oremos.



(Publicado originalmente no Lulu Não Dorme em 9 de novembro de 2011)