terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Blog Mamíferas


Mãe, Mulher e Tudo Mais!

Eu acho bem engraçado quando ouço uma mãe batendo no peito e levantando a bandeira: “eu não quero ser só mãe!”. Fico me perguntando onde é que a gente foi buscar essa idéia tão equivocada de que, pra ser uma coisa, tem que deixar de lado todo o resto.
Nós somos pessoas. Antes de mais nada, nascemos pessoas e seremos pessoas para sempre – bom, a maioria pelo menos.  Somos gente, somos humanos. E aí, dentro disso, cabe tudo, tem espaço pra tudo. Tem espaço pra ser mãe, pra ser filha, irmã, amiga, profissional, mulher, namorada, companheira, parceira e tudo o mais que a gente quiser. Não tem que dividir. Bacana mesmo é somar.
Eu não sou só mãe. Ser mãe é um negócio importante pra burro na minha vida, não há dúvidas. Mas nem que eu quisesse, daria pra esquecer todos os outros papéis. Eu não consigo, e sinceramente? Acho que ninguém consegue. A vida está aí, caminhando, ela não pára. Exige da gente o tempo todo, e o que a gente faz – alguns com mais maestria, outros mais desastradamente – é equilibrar os papéis.
É por isso que eu não tenho medo de me entregar inteiramente à maternidade, exercer com intensidade meu papel de mãe. Não tenho medo de me perder de mim mesma na maternidade, porque é exatamente o contrário: ser mãe me ajuda a me encontrar, a me conhecer melhor, a evoluir, a crescer. Assim como tudo mais a que me entrego inteiramente, de coração aberto.
E todos os dias, os papéis que exerço se entrelaçam, confundem-se e transformam-se entre si. Como mãe, aprendo algo que faz crescer a filha. Como esposa, vivencio um crescimento que me faz uma amiga melhor, uma companheira mais inteira. No trabalho, a profissional descobre algo que faz amadurecer a irmã, a parceira, e assim por diante. Todas são parte de mim. Para que compartimentar?
No final das contas, a gente é o que é. Se perdesse menos tempo rotulando, neurotizando e tentando definir o que dispensa explicação, estaria mais livre pra viver a vida, tirando o máximo de cada experiência. Descobriria a delícia de deixar que as vivências se confundam, transformem-se, melhorem umas as outras. E no final das contas, o que sobraria seria alguém mais inteiro, um ser humano melhor em tudo o que faz, em todos os papéis que exerce.
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Imagem: arquivo pessoal




(Publicado originalmente no Mamíferas em 9 de março de 2011)

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