quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Os Melhores De 2011: Roberta - Meu Projetinho De Vida



Convocando a maternidade real

A mãe já havia levantado várias vezes durante a noite. Ora um filho, ora outro. Mas isso ela já estava acostumada e fazia sem reclamar.

Por volta das 4h30 da manhã, seu bebê de pouco menos de um ano acorda e ela vai niná-lo como de costume. Percebe que ele está com fome e o alimenta. Ele dorme no seu colo mas não quer ser colocado no berço. A mãe, então, fica de pé ninando a cria como sempre faz. Mas o tempo foi passando e nada de conseguir colocá-lo para dormir. Quando ela o punha no berço, de olhos fechados, ele acordava e começava a chorar. A mãe então o pegava novamente no colo e, calmamente, dava passos pelo quarto escuro, sem emitir qualquer ruído, para ver se o filho adormecia de verdade. Ela tentava sentar na poltrona ao lado do berço, mas ele reclamava. Queria ficar de pé. O tempo foi passando e a mãe começou a ter dor nas costas por ficar tanto tempo em pé com o bebê no colo. Tentou levá-lo para a cama dela, mas novamente ele esperneava. Queria ficar em pé. Era só a mãe levantar que ele se acalmava e dormia novamente. Mas ela tinha de ficar em pé.

Quase duas horas depois, com as costas doendo muito e um cansaço mental ainda maior, a mãe desiste de fazê-lo dormir e resolve tentar brincar com o filho. Mas ele não quer brincar. Ele quer dormir no colo da mãe em pé. A mãe chora de cansaço e de dor nas costas. Porque se o filho estivesse doente, ela passaria dez horas em pé com ele no colo se fosse preciso. Mas não era o caso. Ela sabia que era manha.

A mãe estava sozinha em casa naquela noite com as crianças e não tinha com quem dividir aquele fardo (fardo sim, porque naquele momento a situação não era nada light e as mães são humanas, certo?).

Chorando, então, ela decide que o filho precisa perceber que não pode fazer isso com ela. Ele não tinha o direito de exigir que a mãe não se sentasse ou se deitasse com ele no colo.

Ela então coloca seu filho no berço e o deixa chorando por um periodo bem curto mas que parecia uma eternidade. Fica sentada na cama ao lado do berço olhando para o filho, pra mostrar que estava ao lado dele. Ele chora, esperneia. Ela está em frangalhos, mas persiste. Depois de poucos minutos (ou seria segundos?), pega o filho no colo de novo. Ele se acalma, deita nos ombros dela. Ela lentamente se senta, mas o filho insiste que ela fique em pé. A mãe resolve ser mais firme. Deixa o filho no berço, dá um beijo nele e sai do quarto. E a criança fica ali por alguns minutos chorando. Até que vai se acalmando, acalmando, e dorme sozinho.

Agora me digam, mães da maternidade real: é justo condenar uma mãe por deixar seu filho chorando em uma situação como essa?  Ainda acham que, em qualquer situação, o filho é quem manda e que deixá-lo chorando irá lhe causar traumas? Acham que essa mãe foi preguiçosa ou que negou carinho ao filho? O que vocês fariam?
(Publicado originalmente no Meu Projetinho De Vida em 18 de julho de 2011)

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