Trabalho, maternidade, e uma declaração de amor
Hoje, dia 24 de julho de 2011, fazem dois anos e três meses exatos que minha filha nasceu. Foram dois anos intensos, vividos plenamente, com muito choro, questionamentos e uma felicidade profunda quase inexplicável. Vivi uma transformação interna e externa. E vocês, leitora/es do What Mommy Needs foram e são testemunhas de uma parte dessa experiência: da minha experiência em me tornar mãe.
Eu não optei por deixar de trabalhar integralmente para viver essa experiência. Mas, as circustâncias me deram essa oportunidade. Tive até convites para trabalhar fora de casa, 40 horas semanais, quando Laura ainda tinha poucos meses e depois quando já tinha um ano. Mas, nenhuma delas me deu paz em deixá-la sob os cuidados de outra pessoa ou numa instituição, e por isso não compensavam financeiramente. Certamente, a minha insegurança maior não era a de que minha filha fosse mal cuidada, mas de que eu perdesse a oportunidade de viver intensamente sua companhia. Eu precisava disso. Já contei aqui alguns de meus dilemas sobre maternidade e trabalho, cheguei a experimentar diferentes arranjos de cuidados em casa e trabalhos de carga horária parcial e flexível. Mas, nada fluiu tão bem quanto minha dedicação a ser mãe e escrever sobre isso. Escrevi aqui no blog e escrevi um livro, que teve sua primeira versão terminada em 31 de dezembro de 2010 (ainda esperando revisão...) - concluindo um ciclo.
Em 2010 fechei um ciclo e em 2011 comecei outro. O projeto do novo site e da loja virtual veio unir vocação, experiências profissionais, sonhos pessoais e ideais coletivos. Sinto-me orgulhosa e grata pelo sucesso que ele tem feito, pelos elogios, e pelos clientes que temos conquistado. Temos muito a melhorar, claro, mas estamos só no começo (um mês e pouco no ar!).
Tenho trabalhado mais, porém, mantendo as manhãs em função da Laura, buscando-a na escola, e fazendo a maior ginástica para conciliar tudo com um trabalho temporário às quintas e sextas na Fiocruz. Enfim, achei que tinha estabilizado meus dilemas e minha rotina.
Contudo, Deus não estava satisfeito com toda a reviravolta acelerada que, até semana passada (mais precisamente), ocorrera em minha vida, e fui surpreendida com uma convocação do Ministério da Saúde para assumir um cargo pelo qual concursei em 2008 (ainda grávida)! Eu nem lembrava mais do concurso! Foi minha querida irmã Júlia quem trouxe a correspondência, que chegara em sua casa - meu endereço na ocasião. Primeiro, desconfiei palidamente. Mas, depois de ler no Diário Oficial, a palidez foi completa! É um trabalho na área em que me especializei durante o mestrado, bem remunerado e que me demanda dedicação fora de casa por 40 horas semanais. Apesar de ser um contrato de dois anos garante uma experiência promissora.
E, aí que, ao ler a carta de convocação, meu coração quase saltou pela boca de felicidade e ao mesmo tempo de apreensão: terei que, enfim, após esses anos de presença intensa no dia dia de Laura, passar a maior parte do tempo longe dela. Falando assim, parece até um dramalhão típico de TPM, mas o fato é que, com a loja, eu podia passar horas trabalhando enquanto Laura "trabalhava" sentadinha ao meu lado, e brincava com a nossa empregada (que me ajudou muito nesse período de transição), e podia levá-la e buscá-la na escola quase todos os dias. Mas, em breve (muito breve), a semana será toda bem diferente do que estamos acostumadas.
E olha que novidade: eu estou feliz! Estou segura do que fazer e muito otimista! Sinto-me muito agradecida por ter recebido essa oportunidade agora, depois dos dois anos completos de minha filha, especialmente depois de ela ter se adaptado bem às tardes na escola. E, quer maior privilégio do que ter feito uma transição gradual e tranquila (com o trabalho às quintas e sextas), sem nem saber que era de fato uma transição?
Por isso, hoje, olhando minha princesinha dormir, senti a maior gratidão. E quero, publicamente, agradecer a Deus e aos meus amigos (inclusive virtuais) e familiares (em especial meu marido, paizão super participativo), que me deram apoio desde a gravidez. Sabe, é bom demais sentir que somos capazes de amar desse jeito, de ver refletida à nossa frente uma pequena herança, uma herdeira das melhores coisas que a gente tem pra dar (por isso, chamo-a, às vezes, de "princesinha"). É bom demais ver seu semblante tranquilo, sua mãozinha agarrada suavemente na minha, com aquela certeza de que sempre estarei ali.
Sempre estarei aí, meu benzinho, no seu coração cheio de boas lembranças (e também daquelas nem tão boas, nas quais briguei, botei de castigo e lhe ensinei limites para toda a vida). Obrigada, por ter me "aguentado" a seu lado, tão pertinho, nos dias de bom e mau humor, e por ser, mesmo pequenina, a maior companheira da mamãe! E vamos que vamos, inciando mais um ciclo juntos!
(Publicado originalmente no What Mommy Needs em 24 de julho de 2011)
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