Ensina-se preconceito
Tia da escola, para mim:
"Mãe, hoje a coordenadora chamou a atenção da Luísa, porque ela falou para a Aninha* que ela é nega. Aí a Aninha foi se encolhendo e nem quis mais brincar. A tia falou pra ela que não pode ter preconceito, que a única diferença é a cor da pele, mas que.......bláblábláblá...".
Eu, para a tia da escola:
"Tia, em primeiro lugar, entendo que esta fase é de descobertas e associações da Luísa, e há um mês atrás, ela veio me dizer que a Aninha é PÊTA. Eu expliquei à ela que PRETO é só o apelido do vovô, e que a amiguinha é NEGRA, assim como o PAI dela (da Luísa) é negro, o vô PRETO é negro, o tio Hélio é negro. Ela entendeu e à partir daí começou a falar direitinho, me apontando os negros conhecidos. Inclusive a Aninha.
Em segundo lugar, a cor da pele não é tratada como diferença lá em casa. Aliás, nem é tratada, sabe! Porque para a Luísa, tudo isso é muito normal. Ela convive com brancos e negros NORMALMENTE!
Em terceiro lugar, ela disse que a Aninha é NEGA porque ela ainda não fala o "R" direito. Porque eu tenho certeza que ela quis dizer NEGRA.
E por último, a Aninha é negra mesmo, e quem deve trabalhar isso são os pais DELA, que são brancos! A minha filha já é NATURALMENTE trabalhada, convivida, e amada, por brancos e negOS."
Observações:
1- Aninha é o nome fictício da amiguinha da Luísa.
2- Aninha foi adotada por um casal branco, aos 8 meses de vida.
3- Meu marido (NEGRO) disse que eu falei tudo o que deveria falar.
Humpf!
Tá vendo onde começam a aprender o que é preconceito?
(Publicado originalmente no blog Mãe da Lulu em 13 de novembro de 2011)
Um comentário:
Que delícia encontrar a Fê aqui nessa seleção. Já tinha lido esse post no blog dela e adorei revê-lo aqui.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/
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