sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que você ainda não sabe sobre a maternidade

Desde muito jovens as mulheres são bombardeadas por perguntas e opiniões sobre quando serão mães ou como viverão a maternidade. E por isso estão acostumadas a ouvir certa "voz" sempre que tais exigências aparecem em suas vidas. Mas o que diz essa voz? Ao começar a refletir, lembrei-me das mulheres que namoram pessoas que têm filhos de outro relacionamento, acabam sem saber como agir com os enteados e se questionam: "Quero ser madrasta?". Isso sem falar das mulheres que não querem ser mães e ouvem coisas do tipo: "Você não será nunca uma mulher completa assim". Lembrei, ainda, das que sonham acima de tudo com a maternidade e questionam se darão conta da vida profissional. E outras que são criticadas por querer uma produção independente ou aquelas que se sentem culpadas por não serem mães perfeitas.

O objetivo dessa reflexão não é responder todas essas exigências, nem contradizer nenhuma delas em definitivo. Mas que bom seria se conseguíssemos flexibilizar um pouco tais "normas", tirando o peso que é encarar a maternidade como um roteiro pré-fixado e pré-conceituado, inclusive financeiramente. Quer ver um exemplo? Na Islândia, as mulheres têm filhos desde muito novas e o país tem a maior taxa de natalidade, de mulheres que trabalham fora de casa e de divórcios da Europa. E elas seguem tendo filhos com outros parceiros. De acordo com o jornal El País e uma pesquisa sobre felicidade, publicada no jornal "The Guardian", a Islândia é um dos países mais desenvolvidos do mundo e com a taxa de felicidade mais alta da Terra. Sabendo disso, as nossas normas sobre quando e como ser mãe não parecem mais assim tão certeiras. Por isso, se ao final do artigo esse sentimento de flexibilidade for alcançado e compartilhado entre mulheres e homens, será muito bem-vindo.

Lado negativo da maternidade costuma ser negado

De início, há uma nota mental a ser guardada: ser mãe não é um estado homogêneo, natural, nem imanente a todas as mulheres. Ninguém é obrigado a assumir o papel de pai ou mãe quando não sente vontade de fazê-lo, assim como não existe uma receita de boa mãe quando o quesito é gerar ou criar um filho. Já que não somos naturalmente destinadas para tal estado, o importante é estar consciente das suas capacidades e limitações e ser honesta consigo mesma antes de tomar qualquer atitude. Cientes da decisão de ser mãe como desejo e possibilidade, e não como fruto de pressões sociais, seguimos.

Maternidade não é só coisa boa, ainda que em um primeiro momento não pareça assim, já que o conceito está associado a algo até mesmo santificado.

As relações superficiais que estabelecemos facilitam que o tema seja visto dessa maneira parcial, as pessoas lembram que a maternidade tem um lado positivo sim, mas seu lado negativo costuma ser negado. Assim, a obrigação vai além e torna-se quase moral: não apenas tem que ser mãe, mas tem que ser uma boa mãe - seguindo requisitos sobre-humanos e de certa forma arbitrários. Chegou-se a um ponto onde os pais têm dificuldade até em dizer uma simples palavra: não. O medo de ser visto como uma mãe ruim é grande e a culpa fica sempre presente.

Contos de fada e o ideal de perfeição materna

Mas os contos de fada, como sempre, já nos falavam disso: o perfil da madrasta, por exemplo, é frequentemente associado a comportamentos malvados. No entanto, é bom lembrar que a maternidade inclui a parcela madrasta, mesmo quando estamos lidando com nossos próprios filhos. O difícil é reconhecer esse sentimento em si mesma. A rejeição a um filho ou filha em determinado momento, características ou momento de sua própria vida gera confrontos com nossas dificuldades, mas também levam a um grande aprendizado. Reconhecer e integrar bem esse aspecto é expansivo para a personalidade, já que quando negamos a sua existência acabamos boicotando o crescimento do filho sem querer.

Existe ainda o fato de que a tríade "pai + mãe + filho" é para nós uma premissa de família saudável. No entanto, os arranjos familiares pouco importam, enquanto o amor e o cuidado estiverem presentes na educação e no crescimento dos filhos. Voltamos ainda com o exemplo da Islândia, lugar no qual o incentivo para "ficar juntos pelas crianças" não existe. Os islandeses entendem que as crianças ficarão lindamente bem, porque toda a família irá juntar-se em torno deles e seus aniversários serão lotados por muitos primos, tios, avós, pais e mães.

Sem levar ao pé da letra, vale lembrar que se não fosse a Madrasta da Branca de Neve, por exemplo, a princesa teria ficado infantil e imatura para sempre no castelo do pai.

Assim, o que a priori poderia ser visto como negativo torna-se um motivo de crescimento e desenvolvimento para os filhos. Cumprir o "roteiro mãe" sem fazer essas reflexões, pode acabar prejudicando muito a atmosfera afetiva que rodeia uma mulher. Ao tomar consciência de todas essas questões, a pessoa que está levantando possibilidades de vir a ser mãe ou até sofrendo com o tema e as exigências, pode resolver essas pendências consigo mesma e tomar suas decisões de maneira mais completa.


Fonte: Personare

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