Nossos filhos são meninos e meninas
do século XXI. Tudo está em transformação. Está na hora de sermos pais e
mães deste século também; de prestar atenção ao que é realmente
importante para nossas crianças, para seu presente e seu futuro. Afinal,
somos modernos ou não?
Então, pense menos no chão frio e no vento encanado. O país com
menor mortalidade infantil no mundo é a Islândia – Iceland, terra do
gelo. Você mora no Rio, não tem sequer o direito de usar a expressão
“que frio”. Então: pé no chão gelado, sim, geléia de mocotó não. O que
faz mal para as crianças hoje? Comida industrializada: gordura ruim, sal
em excesso, aditivos, conservantes e especialmente o açúcar – que vicia
como qualquer droga. A lista é das boas: obesidade, diabetes,
hipertensão, câncer, infarto. No pacote de biscoito que você tem em
casa, o veneno está disfarçado em 4 ou 5 nomes diferentes: xarope de
milho ou frutose, glicose, maltodextrina, açúcar invertido... confira.
No copinho de mate, no refrigerante, e pasme – no suco “natural”, tem
duas colheres de sopa do danado, além de benzenos, que causam
hiperatividade e câncer. Não deixe a indústria escolher os alimentos do
seu filho – a prioridade dela não é a saúde. Alimente-o você, com comida
natural: carboidratos complexos, frutas, legumes, boas proteínas e bons
óleos vegetais. Se possível, use orgânicos: estão cada vez mais
disponíveis e baratos.
Sem radicalismos: não precisamos suprimir o prazer de um docinho
eventual na vida de uma criança.... mas farinhas açucaradas e biscoitos -
sem nenhum valor nutritivo, e que fazem mal - no dia a dia de um bebê,
para quê?
Compre menos Baby Einsteins e Galinhas, ofereça mais presença, afeto, atenção – o quanto você puder. Esqueça tanta natação
para bebês, agende menos aulas de ioga, culinária e inglês, e deixe que
brinquem mais sozinhas – vão ser mais criativas, inteligentes e
seguras. Cuide de prevenir os acidentes – informe-se, revise a sua casa;
e no carro, criança nunca fora da cadeirinha. Nunca. E, se puder, evite
a creche antes de um ano de idade.
É perfeitamente possível que nossos filhos vivam até os 120 anos.
Mas para isso, eles tem que aprender a se cuidar e a cuidar da sociedade
e do planeta onde vivem. E é nossa tarefa ensiná-los as dimensões
individual e coletiva da saúde. De novo: eles e elas são crianças do
século XXI: estão seriamente ameaçadas de sofrer problemas graves
devidos à crise ambiental.
A boa notícia: cuidar de si e do coletivo caminham juntos. Tudo
que faz bem à saúde faz bem à natureza, e vice versa. Comer bem; fazer
exercícios - de preferência na natureza (ajude-o a gostar de esportes);
usar a bicicleta e a bola. Menos shopping, menos roupas e marcas (calma,
cuidar do ambiente também gera emprego), mais praça e floresta, mais
convívio com amigos e família. Reciclar o lixo junto com eles. Desligar a
TV e o computador ajuda a reduzir o consumismo e a comer melhor. Aí
eles vão passar mais tempo fora de casa, e você vai passar a exigir que o
espaço público seja melhor cuidado, que tenhamos mais praças e árvores,
menos carros e melhor transporte coletivo, praias limpas (saneamento
para todos)... ciclos virtuosos.
Nossos filhos e filhas terão que construir seu próprio mundo
remendando nossos muitos erros. Podemos prepará-los melhor para essa
difícil tarefa. Expô-los à diversidade em todos os sentidos, ajudá-los a
entender que a desigualdade e a injustiça fazem mal a todos, e que
cuidar da natureza e do próximo é fundamental para o seu futuro.
A gente só cuida do que ama; só ama o que experimenta. Se nossas
crianças precisam da natureza para sua saúde, também a natureza precisa
da presença delas para que a amem, preservem e defendam.
Então: para que seus filhos e o mundo onde eles viverão sejam saudáveis,
desligue a TV e corra com eles para aquela cachoeira geladinha. E deixe
o tablet em casa.
Fonte: Pediatria Integral
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